quinta-feira, 7 de junho de 2007

Relatório de Viagem: Beto Carrero World


Como todo bom fã de parques de diversões, eu vivo querendo ir no Beto Carrero World. Mas não dá pra ir todo hora porque, afinal de contas, eu moro no Rio, o parque fica em SC, tem hotel, passagem etc e dinheiro não nasce em árvore. Aliás pra nós, brasileiros, dinheiro anda mais escasso do que a neve em Santa Catarina: só cai uma vez por ano, durante 5 minutos e numa cidade pequena..rs. Fato é que apesar de todos os custos, ir ao BCW ainda não é uma viagem das mais caras e, definitivamente, é uma das que mais valem a pena.



Meu roteiro, inicialmente era: pousar em Navegantes às 14h do sábado, 30 de abril, chegar no hotel (em frente ao parque) por volta das 16h, aproveitar o pôr-do-sol na Star World Mountain e ir curtir a noite em Balneário Camburiú. Para o domingo, o plano era passar o dia todo no parque e, de noite, (claro) voltar a Camburiú pra curtir outra boate. Já na segunda-feira, o plano era mais sério um pouco: passar a manhã no parque batendo um papo com a equipe de engenharia e passar a tarde em Blumenau para, finalmente, embarcar de volta à noite.
Como tudo na vida, a viagem não saiu como o planejado e depois de alguns vôos atrasados e cancelados, acabamos dormindo assim que chegamos no hotel e no sábado, não olhei o parque nem pela janela do hotel. Isso nos leva à parte mais divertida: o domingo no parque (isso me lembra algum programa de TV..rs).


Depois de alguns atrasos e de quase entrarmos em pânico quando não encontramos o nome do Guilherme na lista da entrada, conseguimos resolver tudo (com uma ajudinha do filho do Beto) e entrar no parque já funcionando a pleno vapor.
Confesso que me surpreendi. Eu sempre soube que o BCW está em constante mudança e cada vez melhor. Mas fiquei realmente encantado e quase não reconheci algumas áreas do parque. A área da Star World Mountain está toda calçada com um piso super bacana que me lembrou muito alguns parques bem legais que eu já fui. A frente do trem-fantasma eu também quase não reconheci e dessa vez, literalmente. Não entendo como as coisas podem mudar tanto e pra tão melhor em 2 anos que fiquei sem ir lá.
Tenho que admitir que esperava uma mudança maior na Caverna dos Piratas, mas o resto da ilha está realmente incrível. O parque inteiro está muito bacana e o mais incrível é que as obras não param e tenho certeza que na minha próxima ida encontrarei tudo ainda melhor.

Agora vamos ao que todos mais esperam: as atrações: Quando fui lá, a Vekominha (Que agora se chama Tigor Mountain) ainda estava em construção. Trilhos prontos, mas estação em obras. O lago ainda não havia sido extendido, mas as obras estavam a todo vapor. Assim como a Montanha Encantada, agora Raskapuska. Sem a pintura e com os cenários sendo montados, era uma visão impressionante, enorme. Fiquei feliz de ver que eles acrescentaram no projeto a queda no final, que o Playcenter havia retirado nos últimos anos. Realmente um trabalho de mestres. Acho que valeram os dois anos de obras.



O Império das Águas continua maravilhoso, ainda mais com os elefantes desligados. Uma idéia ótima já que estava fazendo um certo friozinho e ninguém queria se molhar demais. Para os que gostam de se molhar mesmo no inverno, uma boa notícia: o Tchibum está funcionando com os barcos sincronizados, o primeiro barco cai enquanto segundo aguarda o momento certo da queda pra dar um belo jato d’água nele. Fantástico de ver. Eu não quis me arriscar...rs
A Big Tower parece cada dia maior. Eu sei que ela continua no mesmo tamanho, mas é realmente espetacular aquela queda. Falando em queda, curiosamente, a Torre do Terror continua sendo um dos melhores brinquedos já inventados pelo Homem. Com todo o avanço tecnológico, ninguém consegue superar o frio na barriga provocado pela curva no final da queda. SE VOCÊ NUNCA FOI, PRECISA IR.



Para a galera mais família, os shows continuam deliciosos, principalmente para os pequenos. Tiraram o número dos tigres do show da África Misteriosa, mas acrescentaram mais malabarismos e mais pirotecnia e o show ficou até mais longo. Já o show das águas dançantes, que andava meio batido, foi substituído pelo Acquashow, que é quase um cine 4D. Luzes negras fazem surgir desenhos nas paredes do teatro que, juntos com o espetáculo em si (que lembra bastante um show do Circo du Soleil) e com bolhas de sabão que caem do teto, criam uma atmosfera encantadora. Super bacana.



Outra coisa que me surpreendeu foram as filas. Embora nunca muito grandes (mais uma mágica do BCW), estavam bem maiores do que costumavam ser, prova de que cada vez mais e mais gente tem percebido como é legal o parque. Por isso eu te aviso: programe pelo menos dois dias de viagem. Só conseguimos ver (quase) tudo porque voltamos na segunda-feira.

E, já que estamos falando da segunda-feira, acabei não indo a Blumenau. Passei a manhã toda conversando com o pessoal da engenharia e passei a tarde no parque vendo o que não tinha dado tempo de ver no domingo. Da conversa com os engenheiros descobri que o próprio parque construiu a Dum-dum, a brucomelinha linda e amarela que vive sempre tão cheia, que eu não andei....
Construiram, não só a Dum-dum, mas também uma segunda brucomela para o parque móvel. Parece que o Beto resolveu mesmo investir na construção de brinquedos nacionais. Primeiro a reforma de brinquedos antigos, como a Roda-gigante e o bate-bate (ambos ex-Tivoly Park) e a Tornado (ex-Playcenter). Depois a construção na íntegra do Império das Águas. Agora as brucomelas.
No final das contas, a conclusão é que a viagem vale a pena. Vale a pena voltar lá uma vez por ano e o Beto merece mesmo o título de Walt Disney Brasileiro. Na minha opinião não falta muito para as atrações mais voltadas para o público jovem e adulto, como a Big Tower, por exemplo, se multiplicarem por lá.
Vamos torcer para que o mesmo viés de crescimento contagie os outros parques da nossa pátria amada.
Abraços e muitas montanhas russas pra você!
Lucaz Ferraz

segunda-feira, 4 de junho de 2007

O Blog

Agora, depois de alguns posts, acho que talvez seja interessante me apresentar e explicar o propósito deste blog.
Eu me chamo Lucas Ferraz, também conhecido como Lucaz Ferraz. Desde que me lembro sou apaixonado por parques de diversão, em especial por montanhas russas e, por conta disso, sempre corri atrás de informações sobre o tema. Acabei de descobrindo que no mundo todo existem associações de fãs de montanha russa e também que no Brasil há muito mais montanhas russas do que a maioria das pessoas pensam. Percebi que o brasileiro gosta sim de parques de diversão e percebi que era com isso que eu queria trabalhar. Entrei na faculdade de engenharia porque quero construir montanhas russas e reuni um grupo de pessoas que passaram a formar o Clube Brasileiro de Montanhas Russas. Hoje somos 120 membros, temos uma lista de discussão na internet e organizamos viagens e encontros nos parques.
Durante alguns anos eu mantive um site, o montanhasrussas.cjb.net que, por uma série e razões, acabou deixando de existir. Queria trazer meu site de volta à vida, mas a praticidade dos blogs me conquistou e decidi criar o montanhas-russas.blogspot. Aqui eu faço reviews de parques, relatorios de viagens, reviews de atrações específicas. Com o tempo, pretendo criar umas páginas com as fotos de todos os parques que eu já fui e colocar os links aqui.
Espero que curtam o blog. Por favor, comentem, opinem, critiquem e dêem sugestões.
"Seja bem-vindo. Se for de paz, pode entrar" (Jorge Amado)

Park Review: Playcenter


Um dos mais antigos e famosos parques do Brasil, o Playcenter é um típico parque urbano de qualquer metrópole da América do Norte ou da Europa. Inaugurado em 1973, o parque é um cartão postal da maior cidade da América do Sul e talvez o parque mais movimentado do país.

Sempre com uma visão inovadora, o Playcenter busca trazer para o Brasil tudo o que tem feito mais sucesso no exterior. Trouxe, ainda na década de 70 a primeira montanha russa de grande porte para o país, a SuperJet e, no início dos anos 80, a primeira montanha russa com looping, a Colossus. Na década de 90, trouxe o primeiro free-fall do país, o Turbo Drop e a Boomerang, a primeira montanha russa shuttle da nossa terrinha.

São muitos os sites, blogs e fotologs sobre o playcenter. O Parque se encaixa perfeitamente na onda nostálgica que tem envolvido os brasileiros que viveram os anos 80 e continua no sempre no centro das discussões sobre parques de diversões.

O parque viveu algumas fazes bem distintas ao longo das suas pouco mais de três décadas de existência. Primeiro foi a fase de encantamento: o país que, até então, praticamente só conhecia parques itinerantes, se deparou com grandes atrações voltadas tanto para crianças como para o público mais jovem, sedento por adrenalina. Depois veio a fase da calmaria, as pessoas simplesmente se acostumaram a visitar o Playcenter e ir ao parque tornou-se um hábito do paulistano. Essa calmaria durou uns bons 10 anos e, quando a tecnologia e a informática começaram a ameaçar roubar o público dos parques diversão, o Playcenter trouxe o Turbo Drop e a Boomerang. O parque voltou a ter um destaque nacional e o paulistano retomou seu hábito de ir ao parque nos seus dias de folga. Veio então a pior fase: a crise. O parque estava construindo seu segundo parque, o Hopi Hari. Um mega investimento que pretendia trazer o que havia de mais moderno aliado a uma tematização extrema. Infelizmente o investimento necessário foi maior do que o Grupo Playcenter esperava. Isso somado à crise financeira que o país todo enfrentava, fez o Playcenter ficar um tanto quanto “esquecido”. O visual foi ficando feio, sem cores. Tudo precisava de pintura, decoração e o parque não tinha dinheiro para trazer novas atrações. Alguns equipamentos considerados clássicos pelo público foram vendidos, como as montanhas russas Tornado e SuperJet, e o público começou a sentir um certo “vazio” no parque. Da inauguração da Boomerang à inauguração da Dragon, a primeira montanha russa da nova fase do parque, foram 6 anos.

O público começou a mudar os planos, não ir ao Playcenter. Diziam o parque estava sujo, mal frequentado e que achavam perigoso. Até que o primeiro dono, Marcelo Gutglas recomprou o lugar e iniciou um trabalho para re-erguer a imagem do parque. O Playcenter ocupava uma área formada por três terrenos alugados. A primeira providência foi realocar todos os brinquedos e devolver um dos terrenos para reduzir os custos. Foi contratada uma empresa especializada cujos arquitetos e engenheiros encontraram formas de posicionar os equipamentos de maneira a não só manter o número de atrações, mas também aumentá-lo sem, no entanto, comprometer o conforto do visitante. E, seguindo esse caminho, o Playcenter inaugurou em 2003 a Dragon e a Happy Mountain - duas montanhas russas infantis- e a Windstorm, uma montanha russa compacta porém bastante interessante.

Fazendo um balanço da trajetória do parque, o saldo parece ser positivo e com viés de crescimento. Saíram a Alpenblitz, a Tornado e a SuperJet. Mas entraram a Boomerang, a Windstorm, a Dragon e a Happy Mountain. Saiu o Show dos Golfinhos, mas entraram os programas Ciência no Parque e S.O.S Mata Atlântica. Saiu o Splash, mas entrou o Waymea. Saíram e Boneca Eva e a Montanha Encantada, recentemente inaugurada no Beto Carrero World com o nome de Raskapuska, mas entraram o Turbo Drop e o Sky Coaster®. No balanço final, o parque se atualizou. Trouxe para São Paulo, os equipamentos que hoje são o que os equipamentos de que a gente tem saudade eram naquela época.

Ainda acho que o Play poderia ousar um pouco mais. Acho que eles precisam logo de uma montanha russa invertida. Por outro lado, se eles não estão certos disto, é melhor que sejam prudentes e evitem problemas. De qualquer forma, acredito que não vai demorar muito para eles pensarem igual a mim. O parque atrai muitos adolescentes tão sedentos por uma invertida quanto o público da década de 70 estava pela SuperJet....

Destaques:

Boomerang: É realmente fantástica. São 3 inversões na ida e três na volta, totalizando 6 vezes de cabeça pra baixo sendo que, na metade delas, o passageiro está de costas.

Windstorm: Não levante as mãos nessa montanha russa. Por ela ser compacta, os carrinhos passam muito perto dos suportes. Se você mantiver seus braços abaixados, vai se divertir bastante sem problemas. Atenção para a quarta curva. É bem fechada e inclinada. Muito legal!

Looping Star: Irmã menor da Colossus, a Looping Star tem apenas uma inversão, mas é o xodó de todo fã do Playcenter. Projetada por Anton Schwarzkopf, a LS tem curvas gostosas e travas somente no colo, aumentando a emoção.

Turbo Drop: No Brasil existem seis free-falls: Um no Terra Encantada, um no Hopi Hari, um no Walter World, dois no Betob Carrero World e o Turbo Drop. O Turbo Drop é único. Os outros são deliciosos, mas o TD quica. Isso mesmo, o visitante despenca de cerca de 60 metros de altura e quando chega em baixo sobe de novo. Essa inversão da aceleração provoca uma sensação fantástica.

Sky Coaster®: O Playcenter trouxe para o Brasil o primeiro Sky Coaster® daqui. O equipamento é formado por três torres formando um triângulo. De duas delas pendem cabos que são presos ao visitante. Da terceira torre, na outra ponta do triângulo, desce um cabo que iça o visitante até topo do equipamento, a cerca de 60 metros de altura. Nesse ponto, o visitante puxa uma cordinha na lateral do seu colete, como se estivesse pulando de pára-quedas e cai. Cai e os outros dois cabos o fazem se comportar como se fosse a massa de um pêndulo. É a sensação mais próxima que se pode ter de uma queda-livre. Mais que isso, só bunggie jump.

Curiosidades:

  1. O Playcenter vendeu a Colossus em 1986 para o Dorney Park, na Pensilvânia-EUA e pouco tempo depois comprou a Looping Star, um modelo quase igual, mas com um looping a menos.
  2. A Colossus é uma montanha russa diferente. A quem diga que ela é um Lego® para adultos porque o parque pode escolher se a constrói com um ou dois loopings. Se optar por uma única inversão pode guardar as peças sobressalentes para usar depois...
  3. O Playcenter foi o primeiro parque do Brasil a instituir um Gay Day, seguindo a tradição dos parques dos Estados Unidos. Desde 1999, sempre no mês de junho, próximo à data da Parada do Orgulho GLBT, um dia é destinado exclusivamente a ao público GLBT.
  4. Segundo o Roller Coaster Data Base, site referência em montanhas russas no mundo inteiro, existem 10 montanhas russas associadas ao Playcenter. 5 no seu passado e 5 na sua atualidade.
  5. A foto em preto e branco logo acima que mostra a SuperJet foi tirada em 1973.
Obs:
1. Todas as fotos tiradas por Lucas Ferraz Exceto: Marca antiga do Playcenter no topo da página (Cortesia do Playcenter), a foto do Carrossel iluminado (Cortesia de Alexandre Scuriza/ Clube Brasileiro de Montanhas Russas) e a foto da SuperJet em preto e branco (cortesia de Bruno Finotti/ Museu do Playcenter - www.museudoplaycenter.vipflog.com.br)
2. O endereço www.montanhasrussas.cjb.net nas fotos é referente ao meu antigo site, que não está mais no ar e foi substituído por este blog.

Playcenter
Rua José Gomes Falcão 20, Barra Funda
São Paulo - SP
www.playcenter.com.br

Park Review: Hopi Hari


O Hopi Hari surgiu na mesma época do Terra Encantada e, portanto, imerso na mesma atmosfera de crescimento econômico que enchia a população brasileira de expectativas.

Havia todo um plano de que, muito em breve, as pessoas poderiam destinar mais recursos ao lazer. Com isso o projeto previa um retorno muito maior e mais rápido do que o que de fato aconteceu.

O parque teve seu projeto baseado no parque Paramount King’s Island, em Ohio (EUA) e tinha como nome, originalmente, “Playcenter Great Adventure”. Como este nome já demonstra, o parque pertencia ao Grupo Playcenter, que tinha planos de construir, na região de Vinhedo, interior do Estado de São Paulo, um grande centro de lazer com o Shopping Serra Azul, o Wet’n Wild, o Hopi Hari, hotéis e mais alguns investimentos.

Devido à crise financeira que abalou o país no final dos anos 90 e ao alto custo da construção do parque, o Grupo acabou vendendo o Hopi, que inaugurou sem muita propaganda direta, mas que acabou conquistando o coração dos brasileiros.

O Hopi tem uma proposta bem interessante e voltada para o público família. Assim, para crianças o parque oferece a área infantil que, nada mais é do que uma área infatil comum tematizada de Vila Sésamo. Para os jovens e adultos mais radicais, oferece boas montanhas russas e um Sky Coaster®. E para a família, oferece ainda atrações como o Simulakron (simulador de movimentos), o Cinétrion (cine 3D), o Rio Bravo (simulador de rafting) e a Billi-billi, uma montanha russa junior.

A Montezum, maior montanha do parque, é uma enorme montanha russa de madeira que está na lista das 10 maiores do mundo nos quesitos Velocidade (103Km/h), altura (42,4 m) e queda (44 m). Ela ocupa toda a frente do parque e causa uma bela impressão vista da estrada, principalmente à noite quando é toda ilumidada com luzes coloridas. Além disso, durante a comemoração do dia das bruxas, no evento conhecido como Hora do Horror, um dos trens é invertido, percorrendo todo o trajeto com os passageiros de costas. É bem legal, mas vá preparado, pois as filas podem chegar a 3 horas e sob um belo sol. Às vezes você pensa que a fila está pequena, mas ela faz uma curva e você descobre que, escondido atrás do Simulákron há um labirinto de filas enorme....

Além da montezum, em termos de montanhas russas para adultos, o parque trouxe para o Brasil a Vurang e a Katapul. A Vurang é uma montanha no escuro, dentro de uma pirâmide e cujos carrinhos têm um sistema que os faz girarem em torno do seu próprio eixo. Assim o visitante fica completamente desnorteado quanto ao percurso e nunca sabe pra que lado é a próxima curva. Já a Katapul é uma montanha considerada clássica para os fãs de parque. Construída no final da década de 70 por Anton Schwarzkopf, um dos maiores nomes do ramo, o trem é catapultado (daí o nome) da estação a 85km/h, faz um looping vertical sobe uma rampa e volta de ré. Pra completar a emoção, as travas prendem os passageiros apenas no colo. É uma experiência que todo mundo deve ter!

Outra coisa muito legal no Hopi Hari é a roda-gigante. Embora os adolescentes possam torcer o nariz, a Giranda Mundi é enorme, com cabines para 6 passageiros e ainda fica no topo de uma colina. Do alto é possível avistar todo o parque e ter uma sensação muito gostosa. Fora isso, o parque tem alguns shows bem divertido e apresentações de teatro que valem a pena. E não se surpreenda se um malabarista ou um mágico te abordar no meio do parque e brincar com você, são dezenas de artistas circulando e entretendo os visitantes, o que dá um charme todo especial.

Infelizmente, o primeiro mercado afetado por crises econômicas é sempre o de entretenimento e a crise do dólar no início dos anos 2000 afundou o Hopi em dívidas e o parque hoje está à venda. Quem comprar assume uma dívida de 270 milhões de dólares causada por juros. Esse valor, a princípio é bem mais do que vale o parque em sí.

Mesmo assim, acho que não há risco de o parque fechar. É um investimento enorme e com muito potencial. Certamente, os administradores vão encontrar um meio de contornar a crise.

Na minha opinião, o Hopi Hari é um parque que vale a pena visitar. Eu não recomendo ir no Rio Bravo. Temos no Brasil o Corredeiras (Terra Encantada) e o Império das Águas (Beto Carrero World) que são muito melhores.E, sem sombra de dúvida, não vale a pena esperar na fila para andar na Mina do Joe Scramento, uma tentativa de brinquedo temático que não conquista nem a imaginação das crianças e que irrita os adultos que criam uma expectativa, definitivamente não correspondida.

Um ponto que já foi alto e que hoje é baixo é o Ghosti Hotel, um trem-fantasma para a família que já viu dias melhores. Os efeitos especiais eram bem legais no começo, mas a falta de grana não permitiu uma manutenção adequada, já que toda a grana acaba sendo voltada para as questões de segurança e funcionamento básico do brinquedo. Houve uma época em que os carrinhos tinham pistolas de laser para os visitantes atirarem nos fantasmas e havia uma contagem de pontos. Era bem legal e interativo mas, na última vez que estive no parque, as pistolas já não estavam mais funcionando. Uma pena.

Pesando prós e contras, o parque é muito legal e bonito. Tem uma tematização única como se fosse um país com língua própria, departamento de imigração e tudo.

Recomendações:

  1. saia cedo de casa, principalmente se você estiver em SP, já que o parque fica a 1 hora da capital.
  2. leve grana para o pedágio (6 reais), estacionamento (10 reais) ou para o ônibus (15 ida e 15 volta) e para comida (preços a la McDonald’s).
  3. Use filtro solar e leve roupas leves. Não importa quanto frio estiver em São Paulo, no Hopi Hari está SEMPRE sol e quente.
  4. Se quiser muito andar na montezum, vá direto pra lá assim que o parque abrir, antes das filas se tornarem descomunais. E vale a pena voltar no final do dia. Não há nada no mundo como andar na Montezum durante o pôr-do-sol.

Hopi Hari

Rodovia dos Bandeirantes Km 70,5, Vinhedo-SP

www.hopihari.com.br


OBs:
1. Todas as fotos tiradas por Lucas Ferraz, exceto o projeto da Montezum que é uma cortezia da Roller Coaster Corporation of America (RCCA);
2. O endereço www.montanhasrussas.cjb.net nas fotos é referente ao meu antigo site que não está mais em funcionamento e foi substituído por este blog.

Park Review: Terra Encantada

O primeiro projeto divulgado do Terra Encantada remonta a 1995. Com a estabilização da economia provocada pelo lançamento do plano Real em 1994, o Brasil viveu uma explosão de investimentos na área de entretenimento, já que havia a promessa de um grande crescimento econômico e as famílias teriam mais dinheiro para gastar em diversão. Diante desta realidade a zona Oeste da cidade do Rio viveu momentos de glória. Bairro novo e única área da cidade que ainda tinha grandes terrenos livres para a construção, havia o projeto de transformar a Barra da Tijuca numa grande Orlando e, porque não, numa quase Las Vegas.

Explodiram os shoppings voltados para entretenimento, liderados pelo New York City Center, expansão do Barra Shopping com 18 cinemas, casas noturnas, lojas de marcas como Harley Davidson, restaurantes como Outback Steak House e, coroando, o Game Works, um parque de diversões com os jogos eletrônicos mais modernos e interativos de que se já teve notícia e assinado pelo próprio Steven Spielberg. Seguindo a linha parques de diversão, vieram o Wet`n Wild, o Rio Water Planet, o anúncio do parque do Michael Jackson (que nunca saiu do papel) e os rumores das negociações da Disney com o Governo Marcelo Alencar.

Foi neste contexto que surgiu o Terra Encantada, inaugurado com três meses de atraso em janeiro de 1998. Prometendo ser o parque temático mais moderno da América Latina, o parque trouxe para o Brasil equipamentos modernos para a época como o Cabhum, um free-fall de queda vertical, o Corredeiras, um rapids-ride simulador de rafting e aMonte Makaya, uma montanha-russa com oito inversões projetada por Werner Stengel, um dos maiores e mais conceituados projetistas de montanha russa do mundo.

Mesmo com todo o atraso, a inauguração marcou história no Rio de Janeiro. Projetado para receber até 25 mil pessoas ao mesmo tempo, a procura por ingressos foi tamanha que a administração do parque, então sob o comando de Maria Lúcia Romero (Didu), decidiu limitar a venda a oito mil ingressos por dia. Tão grande a procura, maior ainda o fracasso. A frase mais ouvida quando se fala em Terra Encantada é: “Mas é seguro mesmo andar naqueles brinquedos?”.

Atrasos, atrações fora de funcionamento, contratos cancelados e propaganda considerada enganosa fizeram o parque despencar na opinião pública na mesma medida em que havia subido na expectativa. Logo na inauguração a Monte Makaya não funcionou e o simulador de rafting só foi aberto ao público às três da tarde. Além disso, atrações como a Abissal (uma montanha russa no escuro, dentro do castelo), o Ressaca (um splash de grandes proporções) e o cine Imax (cinema com projeção de alta resolução e tela de 20 metros de altura) nunca chegaram a abrir. Com isso restou ao público que havia pago na época o equivalente a 30 dólares pela entrada passear pelas construções de arquitetura deslumbrante, andar no simulador de movimentos, no free-fall e em mais uma dúzia de atrações infantis.

O parque é lindo, a equipe de arquitetura fez um trabalho realmente fantástico com algumas construções em art-nouveau e outras representando as origens do Brasil. Casas em estilo colonial na rua principal e na Terra Européia, restaurantes com telhado de palha na Terra Africana e coisas do gênero. No começo a Rua Principal funcionava até de madrugada com algumas boates. A promessa era ter um Planet Hollywood em forma de planeta, mas tudo o que se viu foi uma barraquinha vendendo camisas escrito “Planet Hollywood Rio de Janeiro”. Nunca passou disso. O Café do Zico abriu e fechou pouco depois e, em alguns meses, a idéia foi abandonada.

O Tempo foi passando, funcionários foram dispensados para reduzir os custos, a população ficou esperando os brinquedos que ainda estavam fechados serem inaugurados. Como não foram, as pessoas foram simplesmente desistindo do Terra. E a frequencia tem se mantido –baixa porém contante – graças à Makaya, ao Cabhum e à Corredeiras que são atrações de fato, de primeiro mundo. A Makaya, inclusive, é famosa no mundo inteiro. Na época da inauguração ela era a montanha russa com o maior número de inversões do mundo (8).

Mesmo assim, com a freqüência baixa, a nova administração entregue à Protel, teve de encontrar soluções para reduzir o custo. Assim, a entrada no parque foi liberada e hoje em dia, o visitante tem a opção de entrar no parque sem pagar e comprar ingressos individuais para as atrações ou comprar um passaporte com direito a quase todas as atrações. Eu digo quase porque o simulador de movimentos passou a ser cobrado à parte, assim como o Trem Fantasma e o Portal das Trevas (casa do terror). Esse Trem Fantasma, inclusive, no início era a Fábrica de Chocolate, um brinquedo semelhante à Montanha Encantada (Playcenter) e ao Kastel di Lendas (Hopi Hari), mas com carrinhos no lugar de barcos. Ao longo do percurso você via bonecos animatronics ensinando o processo de fazer chocolate. O ar-condicionado era poderoso e havia cheiro de chocolate no ar. No final a saída era por uma loja da Garoto, patrocinadora da atração. Diante do pouco público, o patrocínio foi cancelado e a loja fechada. O cheiro de chocolate desapareceu e os bonecos foram perdendo parte dos movimentos. Para piorar a situação, era muito fácil abrir a trava do carrinho e muitos visitantes desciam para pixar os bonecos. A solução encontrada (na minha opinião uma das melhores soluções já encontradas por um parque brasileiro) foi transformar a atração num trem-fantasma. As luzes foram apagadas, os bonecos re-tematizados e funcionários fantasiados de monstro foram posicionados ao longo do percurso para dar sustos. Ficou muito legal

E é um dos poucos trens-fantasma em que eu já andei que, de fato, assusta.

Infelizmente o parque sofreu também alguns infortúnios como uma grande briga num show da banda Charlie Brow Jr. que envolveu centenas de pessoas e destruiu boa parte das lojas e quiosques, além de um acidente numa das montanhas russas (causado por um visitante que não seguiu as regras de segurança, se soltou da trava e levantou com o carrinho em movimento) e a acusação da atriz Ísis de Oliveira que divulgou para toda a imprensa que sofreu danos na coluna ao andar no Cabhum.

No final das contas, pesando os prós e os contras, acho que ainda vale a pena visitar o Terra Encantada, nem que seja uma única vez na vida. A Makaya, o Corredeiras e o Cabhum são atrações que realmente valem a pena. Principalmente a Makaya, um equipamento único na América do Sul. Poucas montanhas russas fora dos Estados Unidos são tão gostosas de andar.

Eu vislumbro várias soluções possíveis pro Terra. Uma delas seria abandonar a idéia de parque temático, dar uma de Playcenter e reduzir o terreno. O parque fica numa das áreas comercialmente mais valorizadas da cidade e o espaço necessário para os brinquedos não ocupa, na realidade nem um terço do terreno. A minha idéia seria transferir os brinquedos todos para o lado direito do parque (que já tem a maioria dos brinquedos) e vender a outra metade. Com o dinheiro da outra metade, o custo do transporte dos brinquedos seria pago e ainda sobraria dinheiro para botar novamente em funcionamento os brinquedos que estão parados por falta de dinheiro para repor peças. Talvez até fosse possível trazer uma atração nova. O Terra tem muito espaço ocioso que poderia (e deveria) ser melhor aproveitado.

Infelizmente parece que os donos não têm mesmo interesse em reavivar o parque e o têm mantido aberto apenas porque é mais barato do que mantê-lo fechado.

De qualquer forma, se você vier ao Rio de Janeiro, eu recomendo que vá ao Terra e ande na Makaya. É uma experiência única.

Lucas

Curiosidades:

  1. A Makaya tem 4 “clones” no mundo, dois idênticos e 2 extendidos com 5 parafusos seguidos, em vez de 3, totalizando 10 inversões.
  2. Nos carrinhos da Makaya há uma placa da Intamin dizendo “Model: Roller Coaster Rio”
  3. Em 2004 um incêndio destruiu um dos trens da Monte Makaya e parte da estação. O fogo foi provocado pela queda de um balão de festa junina no telhado de palha da estação. Depois disso a montanha passou a funcionar com apenas 1 trem e a estação foi reconstruída com telhado de flandre e colunas de concreto.
  4. O prédio do Cine Imax tem uma arquitetura com influências romanas e, no alto do prédio, tem o ano da construção marcado: MCMXCVII (1997)
  5. Por causa de uma dívida, a Light (companhia elétrica do Rio de Janeiro) cortou o fornecimento de energia para o parque no início do ano. Hoje em dia o parque possui uma usina de geração e não recebe energia da rede municipal.

Terra Encantada
Av. Ayrton Senna 2800, Barra da Tijuca
Rio de Janeiro-RJ
www.terraencantada.com.br

Obs:
1. Primeira foto tirada por Daniela Lima. Todas as outras, tiradas por Lucas Ferraz.
2. O endereço www.montanhasrussas.cjb.net que aparece nas fotos se refere ao meu antigo site, que não está mais em funcionamento e foi substituído por este blog.