domingo, 24 de fevereiro de 2008

A Beleza Está Nos Olhos do Observador


Recentemente estive no Terra Encantada e, como sempre, ao entrar no parque, senti uma tristeza profunda.

Todas as vezes que vou lá, me pergunto: “Porque mesmo eu venho aqui?”. E, no entanto, logo após andar na Monte Makaya, eu me lembro: “pela Makaya”.

Dessa vez fui encontrar um casal de amigos canadenses que veio ao Rio só para andar nela. Como me atrasei, acabei entrando só para buscá-los e não andei na Makaya. Ou seja: Fiquei só na tristeza. Olhava aquela arquitetura magnífica, cada dia mais depredada e sentia meu coração apertado: Quão fantástico este parque poderia ser... E a inevitável pergunta: “O que será disso no futuro?”.


Até que poucos dias depois recebi um link para uma página de fotos do fotógrafo Wladimir Fernandes Junior, onde ele dizia: “(...)todo parque de diversões, mesmo em condições precárias, tem sua magia(...)”.

E, olhando as fotos, eu percebi que ando olhando pras coisas erradas... Tenho olhado tanto pro lado técnico dos parques e venho reclamando tanto de como eles poderiam ser melhores, que tenho deixado passar a beleza deles.

Afinal, não é lindo o Terra Encantada? Mesmo em péssimas condições não foi lindo um dia? Não é colorido o Playcenter, com sua cara típica de parque urbano? O Playcenter me lembra, de alguma forma, o La Ronde, em Montreal. Assim como o Tivoly Park me lembrava o Playland de Vancouver, no Canadá.


O Hopi Hari me lembra o Six Flags Great Adventure e o Beto Carrero World consegue ser único e encantador!

Já ouvi falarem mal do Hopi Hari porque dá pra ver o fundo das atrações sem tematização. Já falaram mal do Beto Carrero World porque tinha poucas atrações. Disseram que o Playcenter estava mal cuidado e que o Terra Encantada era “um lixo”.


Mas já pararam pra olhar o pôr-do-sol na rua principal do Hopi Hari, com os artistas fazendo malabarismos na frente da La Tour Eiffel? Já notaram que o Terra Encantada trouxe a maior montanha russa que este país já viu? E alguém percebeu que o Beto Carrero acabou de comprar uma montanha-russa invertida?


"O grupo de amigos e amantes da fotografia, Foto RJ, se encontrou no parque temático Terra Encantada para registrar o seu quase total abandono, mas nos surpreendemos quando percebemos que haviamos fugido ao propósito inicial, porque todo parque de diversões, mesmo em condições precárias, tem sua magia e era isso que estávamos registrando."


Perceberam como o Playcenter está colorido e arborizado? Notaram que está prestes a inaugurar sua sexta montanha russa?

Alguém notou que o Mirabilandia está sempre bem cuidado e traz atrações novas a cada ano?

Nós estamos sempre esperando tanto o pior, que não conseguimos ver as coisas bonitas. Já viram o pôr-do-sol no Terra Encantada com as luzes do chapéu mexicano se acendendo? E a Montezum iluminada toda colorida à noite?

Já viram o Acqua Show no Beto Carrero World?

E qual foi o parque que nos trouxe um show com baleias? O Playcenter, lógico.

Então, meus amigos, fica aqui o meu apelo: não fechemos os nossos olhos. A gente não é burro-de-carga pra olhar somente pro nosso próprio nariz. A gente pode ver o que existe além.


Como dizem os norte-americanos: “There is more than meets the eyes” – “Há mais do que os olhos podem ver”.

Façamos como no filme “Sociedade dos Poetas Mortos”. Subamos nas mesas e olhemos o mundo por um ângulo novo. Vamos tentar ver a beleza das coisas. Ver, não só o que o parque é hoje, mas o quanto ele cresceu, o quão fantástico ele será um dia.

Agora que o carnaval passou e a vida começa de fato, um feliz 2008 pra você.

Lucas Ferraz

P.S.: Obrigado Wladimir Fernandes Junior, não só pelas fotos, mas por me mostrar um novo jeito de ver o mundo.

Vejam as fotos do Wladimir em http://www.pbase.com/wfjunior

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Beto Eterno

Eu morro um pouco com Sérgio Murad, mas sigo vivo com Beto Carrero

O que acontece quando alguém morre? O que acontece com todos que contávamos com ele? Sabemos viver sem ele?

Fui procurar as fotos da minha primeira ida ao Beto Carrero World, em 2005, e não encontrei. Tirei duas fotos com o Beto: uma em São Paulo e outra no parque em que eu aparecia montado no Faísca com o Beto em pé ao lado acenando. A foto está escura, mas eu queria postá-la aqui.

Tinha planos de tirar outras fotos algum dia. E agora? Jamais poderei tirar outra.
Assim como a foto, eu tinha tantos outros planos. Tanta coisa pra dizer e pra perguntar, tanta coisa pra aprender. E nunca terei as respostas e os ensinamentos que queria.

Encontrei o Beto pessoalmente três vezes. Da última vez, eu estava sentado na sala de espera da diretoria na Vila Germânica, quando ele passou para o seu escritório e não me viu. Eu quis ir falar com ele mas não tive coragem.

Sempre quis dizer-lhe o quanto eu o admirava e tudo o que ele representava pra mim. Nunca tive coragem. Sempre tremia calado. Ele falava, eu ouvia e respondia. Agora nunca vou poder dizer pra ele o quanto ele significava pra mim.

Sinto um vazio incomensurável ao escrever estas linhas. Por que eu deixei passar aquela oportunidade?

Desde que eu consigo me lembrar, minha vida é movida por parques. Sempre quis ter o meu parque, criar o meu mundo de sonhos. Sonhos que ocupam todas as minhas noites, que me movem e me fazem levantar todas as manhãs.

E passei a vida toda ouvindo as pessoas me dizerem que era impossível. Já pensei em desistir, em sair do Brasil. E, se continuei aqui, se persisto, é pelo Beto Carrero. Mesmo sem saber, ele sempre me disse: "É possível".

Beto Carrero era o exemplo vivo de que é possível realizar os sonhos. Que é possível seguir em frente e que vale a pena acreditar no Brasil.

A morte de Sérgio Murad me dói como se um pedaço de mim tivesse sido arrancado, como um sonho que é interrompido. Certas pessoas não deveriam morrer.

E tenho medo do que vai acontecer agora. Quem vai todos os dias olhar se as coisas estão bem cuidadas? Quem vai nos prometer sete montanhas russas ou uma Las Vegas no Brasil? Quem vai, com seu marketing, trazer as maiores e melhores coisas do mundo pra cá?

O Beto deixou um legado, um caminho apontado, uma porta aberta. Temos que seguir este caminho, levar adiante o sonho.

Se o Beto Carrero World parar, quem vai obrigar os outros parques a evoluírem também? O que acontece com a gente sem o idealismo do Beto? Não podemos deixar o sonho morrer!

O dia 1º amanheceu com sol no Rio. Deveria estar chovendo. Assim como eu, milhares de brasileiros choram aquele dia. João Batista Sérgio Murad nos deixou sem que o Brasil compreendesse de fato a sua importância, sua grandeza.

Numa entrevista de 1998, após ser questionado se algum dia havia imaginado a crise pela qual o parque estava passando, ele respondeu: "Achei que fosse ser diferente. Achei que os políticos fossem entender mais rápido a importância do Beto Carrero World. Mas é preciso cultura pra entender. Eu acredito e não desisto. Eu acredito no Brasil e por isso vou continuar investindo."

Eu acredito que é possível. eu me espelho no Beto Carrero e sugiram que todos façam o mesmo. Porque, se você não acredita, não merece estar lebdo este texto.

Acredite, lute, construa e nunca desista, nem nos momentos mais difíceis. Siga o exemplo do Beto Carrero.

"Enquanto houver um sorriso no rosto de uma criança, o Beto Carrero viverá"

Sentindo muita dor, mas nunca deixando de acreditar,

Lucaz Ferraz