sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Beto Eterno

Eu morro um pouco com Sérgio Murad, mas sigo vivo com Beto Carrero

O que acontece quando alguém morre? O que acontece com todos que contávamos com ele? Sabemos viver sem ele?

Fui procurar as fotos da minha primeira ida ao Beto Carrero World, em 2005, e não encontrei. Tirei duas fotos com o Beto: uma em São Paulo e outra no parque em que eu aparecia montado no Faísca com o Beto em pé ao lado acenando. A foto está escura, mas eu queria postá-la aqui.

Tinha planos de tirar outras fotos algum dia. E agora? Jamais poderei tirar outra.
Assim como a foto, eu tinha tantos outros planos. Tanta coisa pra dizer e pra perguntar, tanta coisa pra aprender. E nunca terei as respostas e os ensinamentos que queria.

Encontrei o Beto pessoalmente três vezes. Da última vez, eu estava sentado na sala de espera da diretoria na Vila Germânica, quando ele passou para o seu escritório e não me viu. Eu quis ir falar com ele mas não tive coragem.

Sempre quis dizer-lhe o quanto eu o admirava e tudo o que ele representava pra mim. Nunca tive coragem. Sempre tremia calado. Ele falava, eu ouvia e respondia. Agora nunca vou poder dizer pra ele o quanto ele significava pra mim.

Sinto um vazio incomensurável ao escrever estas linhas. Por que eu deixei passar aquela oportunidade?

Desde que eu consigo me lembrar, minha vida é movida por parques. Sempre quis ter o meu parque, criar o meu mundo de sonhos. Sonhos que ocupam todas as minhas noites, que me movem e me fazem levantar todas as manhãs.

E passei a vida toda ouvindo as pessoas me dizerem que era impossível. Já pensei em desistir, em sair do Brasil. E, se continuei aqui, se persisto, é pelo Beto Carrero. Mesmo sem saber, ele sempre me disse: "É possível".

Beto Carrero era o exemplo vivo de que é possível realizar os sonhos. Que é possível seguir em frente e que vale a pena acreditar no Brasil.

A morte de Sérgio Murad me dói como se um pedaço de mim tivesse sido arrancado, como um sonho que é interrompido. Certas pessoas não deveriam morrer.

E tenho medo do que vai acontecer agora. Quem vai todos os dias olhar se as coisas estão bem cuidadas? Quem vai nos prometer sete montanhas russas ou uma Las Vegas no Brasil? Quem vai, com seu marketing, trazer as maiores e melhores coisas do mundo pra cá?

O Beto deixou um legado, um caminho apontado, uma porta aberta. Temos que seguir este caminho, levar adiante o sonho.

Se o Beto Carrero World parar, quem vai obrigar os outros parques a evoluírem também? O que acontece com a gente sem o idealismo do Beto? Não podemos deixar o sonho morrer!

O dia 1º amanheceu com sol no Rio. Deveria estar chovendo. Assim como eu, milhares de brasileiros choram aquele dia. João Batista Sérgio Murad nos deixou sem que o Brasil compreendesse de fato a sua importância, sua grandeza.

Numa entrevista de 1998, após ser questionado se algum dia havia imaginado a crise pela qual o parque estava passando, ele respondeu: "Achei que fosse ser diferente. Achei que os políticos fossem entender mais rápido a importância do Beto Carrero World. Mas é preciso cultura pra entender. Eu acredito e não desisto. Eu acredito no Brasil e por isso vou continuar investindo."

Eu acredito que é possível. eu me espelho no Beto Carrero e sugiram que todos façam o mesmo. Porque, se você não acredita, não merece estar lebdo este texto.

Acredite, lute, construa e nunca desista, nem nos momentos mais difíceis. Siga o exemplo do Beto Carrero.

"Enquanto houver um sorriso no rosto de uma criança, o Beto Carrero viverá"

Sentindo muita dor, mas nunca deixando de acreditar,

Lucaz Ferraz

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