domingo, 27 de janeiro de 2008

Beto Carrero Empire

Uma retrospectiva mostrando como um parque de diversões começa a se tornar um império.

1991 foi um ano, no mínimo, diferente para o Brasil. Didi Mocó e os Trapalhões faziam a alegria das crianças nos domingos à noite e volta e meia tinham a participação do Cowboy Brasileiro, o Beto Carrero. E, para a alegria dessas crianças e esperança de todo brasileiro fã de parques, no dia 28 de dezembro deste ano foi inaugurado o Beto Carrero World que, na época era basicamente um grande circo com algumas atrações ao redor.

Mas o projeto era ambicioso. Alguns não acreditaram, outros tinham certeza que daria certo. O tempo foi passando, algumas coisas foram retiradas, outras acrescentadas. O projeto foi mudando, se adequando à realidade de cada ano que passava.

A realidade economica foi mudando e em 1998 um ‘boom’ de investimentos sacudiu o país. Foram anunciados inúmeros parques, entre eles o Terra Encantada (RJ – 1998) e o Hopi Hari (SP – 1999). Os dois foram grandes sucessos quando abriram, com atrações como a Monte Makaya (montanha russa com 8 inversões), Cabhum (torre de queda-livre) e Montezum (Quinta maior montanha russa de madeira do mundo) e o Beto Carrero World perdeu muito do seu público, mergulhando numa crise que se extendeu até 2002.

Mas não esqueçam que estamos falando do homem que saiu do zero e construiu um império (que em 1998 era ainda um pequeno reino apenas...) onde ninguém acreditava que se podia construir nada que pudesse dar lucro. E ele estava disposto a dar a volta por cima.

Em 2002, 11 anos após sua inauguração, o Beto Carrero World havia terminado de pagar todos os custos da sua construção. Isso significava que, dalí para a frente, todo dinheiro que entrasse, estava livre para ser reinvestido. E assim, o ano de 2003 chegou. E, com ele, o futuro dos parques no Brasil seria mudado para sempre.

Beto Carrero estava decidido a trazer de volta o sorriso para o rosto do seu público. Já nos primeiros dias podia-se perceber que havia algo diferente. Obras para todo lado, novas pinturas e calçamento. Um novo brilho surgia nos olhares das crianças até que em dezembro de 2003 era anunciada a mais nova e mais radical atração já vista no país: Big Tower, a maior torre radical do mundo. Um free-fall com 100 metros de altura onde os passageiros chegavam a 120 Km/h. Ainda hoje a Big Tower é a maior e mais rápida atração de um parque brasileiro.

A esta altura já se começava a criar no Brasil uma cultura de ir a parques de diversão, um hábito comum nos países europeus e norte-americanos. E todos os olhos do Brasil se voltaram para os comerciais do Beto Carrero World. E, justamente quando as pessoas começavam a pensar “Será que vale a pena mesmo?”, que a nova atração para a temporada de 2004 começava a ser construída: sob os gritos dos visitantes na Big Tower, se erguia, à beira de um lago, o Império das Águas.

Ao completar 13 anos, em dezembro de 2004, o Beto Carrero World inaugurou um dos mais belos river rapids do mundo. Com uma tematização impecável, de nível internacional, e água na medida certa, o Império das Águas veio para deixar claro que os outros parques teriam que se mexer se quisessem competir com o Beto Carrero. O Império das Águas não veio apenas como um river rapids, mas foi o marco que deixou claro para todo o mundo que o Beto Carrero World veio para ficar e caminhava para se tornar um dos melhores e maiores centros de lazer de todo o mundo.

E o ano de 2005 foi marcado por inúmeras reformas, deixando o parque cada dia mais colorido e bem tematizado. O 14º aniversário do parque, em dezembro de 2005, foi marcado pela inauguração do Castelo do Terror, uma parceria entre o parque e a Indiana Mistery, sucesso de público e crítica.

2006 começou com uma grande perda para os paulistanos: O Playcenter, um dos mais tradicionais parques de diversão do país, anunciou uma redução de seu terreno para cortar custos. A maioria das atrações foi relocada, mas uma parte da infância, não só dos paulistanos, mas de muitos brasileiros, a Montanha Encantada, foi fechada. E quando parecia não haver mais esperança, veio o anúncio: A Montanha Encantada havia sido comprada pelo Beto Carrero World e seria inaugurada na nova área infantil do parque.

A Triplik Land foi inaugurada no 15º aniversário do parque, em dezembro de 2006. Uma bela área infantil toda colorida, mas que não contava com a Montanha Encantada. Devido a atrasos na obra a atração, agora batizada de Raskapuska: O Mundo das Crianças, só chegou um pouco depois, mas foi também sucesso de público e crítica, marcando mais uma vez a indescritível habilidade do Beto Carrero World de fazer tematizações dignas dos melhores parques internacionais.

O 15º aniversário do parque trouxe também um presente inesperado para os visitantes: O anúncio de que, num futuro próximo, o parque teria 7 montanhas russas.

Isso mexeu com o Brasil. Sete? Não é muito para ser verdade? Muitos torceram o rosto alegando que o parque fazia propaganda enganosa. Até que em março de 2007 começaram a chegar as peças da primeira nova montanha russa: Dum Dum. Uma Brucomela que acabou sendo alvo de criticas por ser “apenas uma montanha infantil”. Mas, novamente, não se esqueçam que, em termos de Beto Carrero, nada é como estamos acostumados. E eis que o parque apresentou ao Brasil a mais bela montanha russa infantil já vista por aqui.

Logo em seguida, chegaram as peças de uma Vekoma Junior, a terceira montanha russa do parque. Mais uma vez, os pessimistas criticaram, dizendo que o parque traria 7 montanhas russas infantis. Mais uma vez o parque provou sua capacidade criar atrações boas e deslumbrantes para os olhos. A Montanha Tigor é, sem dúvida, um exemplo de beleza e arquitetura.

Mesmo assim, eram 3 montanhas russas. Para atingir sua meta, o Beto Carrero World precisaria mais que dobrar este número. De qualquer forma, o parque fechou o ano de 2007 com várias atrações novas: duas montanhas russas, a Raskapuska, o Carrossel Veneziano, o Kid’s Play, o Centro de Primatologia e o Show Acqua, sem mencionar várias outras atrações menores e reformas que foram feitas.

E entramos em 2008 com o pé direito. Além das três montanhas russas em funcionamento, o parque possui uma Galaxy e uma Jet Star II em reforma nas suas oficinas. E quando já estávamos felizes e achávamos que o mais poderoso parque temático do país aliviaria os investimentos, eis que chega a notícia: O Beto Carrero World havia adquirido duas novas montanhas russas: uma Arrow Dynamics com 3 inversões e uma Vekoma SLC, a primeira montanha russa invertida num parque fixo do Brasil. E tudo indica que o parque fechará 2008 com 6 montanhas russas, quase cumprindo sua meta. 6 sim, porque as reformas da Jet Star ainda devem demorar mais um pouco.

Mas então o que podemos esperar para 2009? Teremos apenas a Jet Star como a 7ª montanha russa ou virão por aí mais surpresas? Não se esqueçam que, em termos de Beto Carrero World, podemos esperar sempre ser surpreendidos. E, geralmente, vem coisa boa.


Uma coisa é certa, com as novas aquisições, o Beto Carrero World se confirma como o melhor parque temático do país e inicia uma nova era no Brasil, onde os parques daqui começam a se nivelar com os parques do exterior. O pioneiro dos parques temáticos no Brasil recupera sua coroa e lutará bravamente para mantê-la.

Texto: Guilherme Rehbein

Revisão e edição: Lucaz Ferraz

Fotos: Lucaz Ferraz, Robert L. Jones e Beto Carrero World

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